Francisco inaugurou ontem (20), no Vaticano, a 79ª Assembleia Geral da CEI – Conferência Episcopal Italiana. Foi cerca de uma hora e meia de perguntas e respostas entre os bispos da conferência. Durante os diálogos, surgiram os vários problemas da Igreja e do mundo: do acompanhamento dos sacerdotes às ideologias atuais, da saída dos jovens do país ao declínio das vocações, até a unificação das dioceses, um procedimento que pode ser interrompido. Participam cerca de 200 bispo italianos.
A unificação das dioceses
Uma das principais questões foi a unificação das dioceses italianas, um tema para o qual Francisco já havia pedido, em seu primeiro encontro com a CEI em 2013, uma reflexão aprofundada e soluções práticas, sempre levando em conta as perplexidades de alguns dos próprios bispos sobre as diferentes identidades culturais de cada território e o risco de uma ampliação que dificultaria na proximidade dos pastores. Situações também reapresentadas ao Papa nas várias visitas ‘ad limina’ das Conferências Episcopais regionais, que permitiram ao Pontífice “obter informações” que antes não eram claras.
Nos últimos anos, 22 dioceses italianas foram unificadas. Mas não é certo que se continue nesse caminho, foi o que surgiu hoje no diálogo entre o Papa e os bispos: é possível repensar esse procedimento. Uma proposta foi a de unificar as estruturas acima de tudo, incluindo os próprios seminários regionais, muitas vezes ocupados por um pequeno grupo de aspirantes ao sacerdócio, conforme solicitado pelo próprio Papa em várias ocasiões no passado.
Crise vocacional
A realidade do declínio das vocações foi abordada inúmeras vezes durante o diálogo com o Pontífice. Alguns bispos salientaram a redução das comunidades, dos sacerdotes e dos religiosos, e Francisco recordou o exemplo de várias Igrejas, especialmente as da América Latina, onde a atividade comunitária é dirigida por leigos e irmãs.
Acompanhamento, sinodalidade, oração
O discurso concentrou-se também na experiência da sinodalidade e na recomendação de acompanhar os sacerdotes com afeto paternal, que precisam ser orientados nas mudanças e transformações culturais dos tempos modernos. Diante dos problemas, o Papa encorajou a não apagar o entusiasmo, na certeza de que Deus nunca abandona e também com a força do Espírito Santo que ajuda a enfrentar as dificuldades com uma nova mentalidade e atitude.
Como presente, o livro “Santos e não mundanos”
O convite do Papa para viver uma Igreja sinodal e também para conseguir uma sólida formação de sacerdotes e leigos, para não cair na feia tentação do clericalismo, foi reforçado. Nesse sentido, o presente entregue pelo Pontífice aos bispos da CEI foi simbólico: o livro “Santos e não mundanos”, publicado pela LEV. Trata-se de uma coletânea de contribuições de Jorge Mario Bergoglio de diferentes períodos: um texto de 1991, intitulado Corrupção e pecado, a Carta aos sacerdotes da Diocese de Roma no verão de 2023 e uma introdução inédita do próprio Pontífice. Todos os textos são unidos pela denúncia do “mundanismo espiritual” como uma verdadeira ameaça à fé.
Fonte: Vatican News