Um pouco do que ouvimos, vimos e vivemos
Por: Jorge Teles e Regiane Dolinski
Participamos, eu e Regiane, do 13º Encontro Regional da Pascom, nos dias 16 e 17 de março.
Confesso que estava com saudade. Estive na organização e participei de nove encontros estaduais da Pascom. Neste, poucos rostos conhecidos, afinal o tempo passa, a pastoral se renova.
Mas qual é mesmo o propósito da Pascom? O porquê da Pastoral da Comunicação? Para que nós fazemos isso? Por que corremos tanto atrás das atualizações, das tecnologias?
Essas foram algumas perguntas feitas pela Irmã Maria Nilza Pereira da Silva, assessora Nacional de Comunicação do Movimento Apostólico de Schoenstatt, que assessorou o 13º Encontro de Coordenadores e Assessores Diocesanos da Pascom – Regional Sul 2 da CNBB, na tarde do sábado, 16 de março, em Guarapuava. O momento foi um verdadeiro retiro.
As questões levantadas pela Irmã foram chaves para o discernimento, para perceber com clareza o sentido, a importância e a responsabilidade do comunicador cristão, do agente de Pascom.
“O nosso porquê parte da espiritualidade e tem como meta a espiritualidade, ou seja, a glorificação de Deus Pai”, afirmou Irmã Nilza referindo-se ao primeiro eixo da Pascom. A partir do eixo da espiritualidade vem a formação, a articulação e a produção.
O fio condutor da fala da Irmã Nilza foram as mensagens do Papa Francisco (que é aquele a quem a Igreja está, ou deveria estar unida) sobre a preparação do Ano Santo 2025, o Ano da Oração, no qual o Pai Nosso precisa ser nosso programa de vida. São mensagens que precisam ser levadas a sério por todos. Nesse sentido Irmã Nilza fez perguntas dialéticas: “- O que nos une? Nos une Jesus Cristo. – Quem é a pessoa visível de Cristo? É o Papa. Se nós não estamos unidos ao Papa, alguma coisa está errada. Se o Papa é aquele que o Espírito Santo escolheu para dirigir a sua Igreja e nós que trabalhamos na Pascom, que trabalhamos na comunicação, que falamos em nome da Igreja não estivermos unidos a ele, alguma coisa está errada!”
Irmã Nilza também mencionou o perigo da polarização. “Há tantas pessoas que se acham ou pensam que o seu grupo é a Igreja original de Jesus Cristo. O resto está desviado, não está pensando certo. Até o Papa Francisco é colocado num pacote, como aquele contrário à Igreja de Jesus Cristo”. A Irmã também questionou o que pensa uma pessoa que se coloca contra o Papa. “O que essa pessoa pensa que é ser católico? O que pensa que é ser pessoa? Como Igreja, somos uma grande família de Deus, unida a Cristo, na pessoa do Pai: Somos todos irmãos.”.
Foram diversas perguntas importantes para tantas respostas prontas que circulam por aí.
Irmã Nilza, na tarde quente do sábado que só amenizou um pouco com a chegada da chuva, tratou do tema espiritualidade. Uma colocação feita por ela veio ao encontro de uma inquietação que muitas vezes tenho no trabalho da Pascom: Enquanto os outros rezam e festejam, fotografamos, entrevistamos, filmamos. E quando vamos embora ainda temos que pensar no texto e na edição. Em sua fala Irmã Nilza alertou os agentes de Pascom para tomarem cuidado para não se tornarem apenas produtores de conteúdo, máquinas de produção.
A espiritualidade, a oração, o acolhimento do Espírito Santo, é o que conduz o trabalho realizado pelo agente de Pascom. É preciso parar para rezar e que isso não seja um ato mecânico, mas sim “uma experiência de ser amado por Deus”, disse a Irmã. Mas rezar não é um ato fácil, “é para quem tem decisão”, alertou.
Que tenhamos decisão! Que vivamos como irmãos! Que caminhemos unidos à Igreja, ao Papa! Que continuemos focados na melhor maneira de comunicar, de evangelizar, sendo missionários da esperança! Essas foram algumas das constatações que tive no momento de espiritualidade com a Irmã Nilza. Que Deus me conceda a graça de perseverar e buscar sempre melhorar.
O sábado foi maravilhoso, assim como o domingo, mas quem relata agora é a Regiane:
O verão está acabando, porém, o calor não quer ir embora.
E na quente manhã do domingo (17) foi Dom Amilton Manoel da Silva, nosso bispo diocesano, o responsável por repassar conhecimentos e reflexões sobre comunicação no 13º Encontro de Coordenadores e Assessores Diocesanos – Pascom – Regional Sul 2 da CNBB. Dos 13 encontros que já aconteceram foram poucos os que participei, mas, de muita valia pelo aprendizado e convivência com comunicadores do Paraná, cada qual com sua realidade.
“O Pai é o comunicador. O Filho é o comunicado. O Espírito Santo é a comunicação”.
Dom Amilton partiu da premissa que está cada vez mais difícil comunicar a Boa Nova, ou seja, ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura. Enquanto a internet parece facilitar e conectar o mundo todo em redes sociais, a comunicação cristã não atinge a todos. Estamos conectados praticamente o tempo todo, e ainda assim, isso não significa que estamos unidos, nem tampouco estamos mais fraternos. Sempre que me conecto tenho a possibilidade de me comunicar e preciso querer comunicar a mensagem de Deus, haja vista, as pessoas estarem cada vez mais conectadas no mundo virtual, porém seguem divididas e desconectadas da fé.
Conclui, nesta manhã de domingo, com Dom Amilton, que se Jesus estivesse vivendo nesse tempo, Ele por certo, estaria conectado à internet, anunciando e partilhando sua mensagem de amor a todo o mundo. Jesus Cristo seria youtuber angariando cada dia mais e mais seguidores.
Assim sendo, como posso pensar a fé aprendendo com a internet? Ora, devo usar desse meio para ir além, ir até os confins do mundo virtual para evangelizar as pessoas no mundo real através do internet.
Sei que toda atividade de evangelização é, também, uma atividade de comunicação, todavia a recíproca não é verdadeira, pois nem toda atividade de comunicação é uma atividade evangelizadora.
O mundo virtual não é mais um mundo paralelo é o mundo real é, pois, a realidade vivida e vivenciada pelo mundo todo e é o caminho para propagar a fé. Entretanto, passa a ser espelho, é também o reflexo de meu testemunho cristão, mostra o contexto daquilo que comunico.
A internet me possibilita o encontro e a solidariedade com todos. Posso imprimir marcas, criar significados e valores de vida. A internet é um presente de Deus, e precisa ser usada como tal, com muito cuidado e responsabilidade.
Dom Amilton alertou para que nas mensagens postadas em nome da Igreja, o centro seja sempre Jesus Cristo, e isso não pode se perder. Não se deve falar sobre o que não sabemos e não temos formação, cuidar com o falso testemunho, com mensagens recortadas, manipuladas, distorcidas. Não dá prá brincar com o que é sério.
Quando faço parte de uma pastoral estou falando em nome da Igreja, usando a instituição, mesmo naquilo que não tem tal intenção. Após cada postagem que atinge muito mais pessoas do que posso imaginar, será a Regiane da Pascom, a Regiane da Liturgia, a Regiane do Bom Jesus, a Regiane que trabalhou 25 anos na Rádio da Igreja Católica, que está se comunicando, assim sendo, em tudo é necessário conhecimento, discernimento, e acima de tudo responsabilidade.
Para o bispo “quem busca a verdade, busca Deus, mesmo sem saber.”
Se devo cuidar com o que publico nas redes sociais, devo também tomar cuidado com o que busco, pesquiso e compartilho.
A internet está repleta de informações, das mais distintas possíveis, porém em bolhas, separadas por aquilo que os algoritmos selecionam e qualificam para nós, as respostas estão lá, mas, para saber se o que encontramos é verdadeiro ou não, se é tendencioso ou não, precisamos ter as perguntas certas. É necessário decodificar as mensagens, saber onde está a resposta procurada. Não posso me alienar e me fechar no meu mundo e ficar só com o meu círculo de amigos virtuais, aqueles que pensam como eu, preciso a partir da pergunta correta encontrar e compartilhar a resposta certa.
A fé não é só resposta, é a abertura para a resposta correta, é o discernimento. No mundo digital tudo são respostas, entretanto, a pergunta certa é o que me fará saber qual resposta é a verdadeira.
A abertura para a pergunta é o que sustenta a fé e não as respostas. Saber discernir o que realmente importa é dar testemunho da fé.
Ao final da manhã constatei uma verdade: sou uma das ovelhas que tem o Bom Pastor Jesus Cristo a me conduzir, e a partir daí sou chamada a pastorear e anunciar a Boa Nova até os confins do mundo, seja ele real ou virtual.
O amor é o fim para o qual fomos criados. Vamos propagar o amor, pois.
